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#48 RESENHA: O Escravo de Capela - Marcos DeBrito

Quando a morte é apenas o começo para algo assustador

Olá meus leitores, como vão? Estão lendo muito nesse inicio de mês? Hoje venho trazer a resenha da minha ultima leitura do mês passado. Vamos lá




Título Original: O Escravo de Capela
Autor: Marcos Debrito
Ano: 2017
Editora: Faro Editorial

Páginas: 288
Amazon - Saraiva
Avaliação:
Sinopse - Durante a cruel época escravocrata do Brasil Colônia, histórias aterrorizantes baseadas em crenças africanas e portuguesas deram origem a algumas das lendas mais populares de nosso folclore.Com o passar dos séculos, o horror de mitos assustadores foi sendo substituído por versões mais brandas. Em “O Escravo de Capela”, uma de nossas fábulas foi recriada desde a origem. Partindo de registros históricos para reconstruir sua mitologia de forma adulta, o autor criou uma narrativa tenebrosa de vingança com elementos mais reais e perversos. Aqui, o capuz avermelhado, sua marca mais conhecida, é deixado de lado para que o rosto de um escravo-cadáver seja encoberto pelo sudário ensanguentado de sua morte. Uma obra para reencontrar o medo perdido da lenda original e ver ressurgir um mito nacional de forma mais assustadora, em uma trama mórbida repleta de surpresas e reviravoltas.

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Queria ter resenhado esse livro antes do dia 31 de outubro, mas não rolou, ele fala das lendas do nosso país, mas não daquele jeito amigável que aprendemos na escola ou vemos em desenhos animados, e sim de um modo cruel, perverso que fez eu querer largar o livro muitas vezes simplesmente por ódio dos administradores da Fazenda Capela..
""Tendo as costas do escravo como tela, o feitor pincelava de vermelho o seu escárnio. Naquela aquarela abstrata de sangue e suor, a dor encontrava bem o seu entorno."
Neste livro vemos um enredo forte que se passa no Brasil Colônia, no final do século XVIII, no ano de 1792. Só pela época histórica os maus tratos om os negros nos vem a mente, a escravatura, esta história se passa na fazenda Capela, que possui um canavial, os donos dessas terras são os Cunhas Vasconcelos, uma família de nome muito conhecido, Antônio é o filho mais velhos e adora ver os escravos sofrerem, ele não mede forças quando se trata de tortura, ama ver sangue rolar. O pai dos rapazes apoia a ideia de torturar escravos que fizeram algo "errado" para servir de lição, e temos Inácio o filho mais novo que assim que pode foi embora da fazenda, ele é formado em medicina e nunca gostou de ver as crueldades o seu irmão..
""As pás foram movidas e o defunto desmembrado começou a ser enterrado sem sequer terem lhe retirado o saco encharcado de sangue da cabeça. Apenas a boca escancarada, que insistentemente buscara o ar nos seus últimos suspiros, estava descoberta e não foi poupada de ser alimentada com a terra que o encobria." 
Para Antônio não importa os lucros e gastos da fazenda e sim ele ter a "propriedade" sobre a vida dos escravos, escolhendo quando esses vivem ou morrem. Fora os donos, temos os funcionários Irineu, Jonas e Fagundes que ajudam e apoiam Antônio em tudo.
Tudo corria em perfeita ordem, com escravos educados e bem bandados, até a chegada de Sabola Citiwala, um recém chegado que não sabia nem a língua portuguesa, ele foi tirado do seu lar e não se conforma com isso, está disposto a fazer de tudo para se ver livre. No primeiro dia no Canavial por não saber o idioma ou as regras, já levou chibatadas e ficou extremamente revoltado..
""— Escravo aqui só tem direito a duas coisas — continuou: — Primeiro: não ter direito a nada E segundo: não reclamar desse direito. Se tem negro que discorda, para quem ainda não sabe, domesticar os selvagens é a função pela qual eu tenho mais apreço."
Na senzala o único lugar com corrente sobrando é ao lado do Velho Akili, que teve suas pernas quebradas e deformadas a muitos anos por Antônio, enquanto tentava fugir, mas se distraiu vendo alguém pela janela, assim sofrendo as consequências pelos seus atos, Akili era o único que conseguia abrir os cadeados se tivesse as ferramentas suficientes, será que ele era a única esperança de Sabola?
Do outro lado da trama temos Inácio, que veio visitar sua família depois de muito tempo, e não pretende ficar por muito tempo, pois seus ideais vão em contraponto com a de seus familiares. Ele sente uma grande falta de amor materno, pois sua mãe fugiu de casa quando ele era bem pequeno. Seu pai concorda que ele possui facilidade em argumentar, mas acredita que estes são extremamente liberais e que negro não é gente como a gente. Antônio odeia o irmão, acha ele mimado e que não tem que se meter no serviço dele na fazenda, o rapaz não suporta a ideia de dividir o patrimônio com o caçula..
""Sonhar ainda é uma das poucas coisas que os brancos não tiraram da gente."
Conforme os dias vão passando, Sabola arquiteta um plano de fuga juntamente com Akili, mas para o velho ajudá-lo ele teve que prometer que voltaria pra se vingar, mas o plano tinha tudo para dar errado, e nas mãos de Antônio, Sabola teve um fim horrível e sua perna foi cortada e amarrada na entrada da fazenda, para servir de exemplo. Após sua morte, várias tragédias e acontecimentos sobrenaturais começam a ocorrer na fazenda, será que teria a ver com a morte do escravo?
A escrita é dolorosa, dói mais ainda saber que isto realmente ocorria no nosso país, o autor conseguiu com maestria juntar um período histórico com nossas lendas, ele começou a construir desde o início para o leitor não ficar perdido nos acontecimentos. Além do tema de terror, podemos encontrar vários segredos de família, um passado cruel, uma paixão perigosa e disputas. .
""Um animal aprisionado em correntes, quando livre das amarras, naturalmente busca a fuga. No entanto, a oportunidade de retaliação, pelos anos de sofridos no cárcere não é desperdiçada quando fica de frente ao seu aprisionador."
A leitura no início é densa, por trazer esses fatos de tortura, e acredito que os capítulos gigantes tenham atrapalhado na desenvoltura do enredo, mas mesmo assim a história intriga o leitor e faz este querer chegar no final e desvendar os mistérios.
Vale salientar que esse livro é pra quem tem estômago forte, Marcos não romantiza em nenhuma parte da história, ele descreve cada emoção, cada dor que os personagens sentem na mais pura realidade.
Foi o primeiro livro de terror que eu li, amei demais, mas não me assustei, pois eu já to acostumada a assistir filmes nesse gênero, que são meus favoritos, e é raro algo me assustar. Entretanto, concluí essa leitura as três da manhã, e sonhei a noite toda com saci, bruxas e lobisomens. Super recomendo a leitura.  

2 comentários:

  1. Gosto de livros assim, sempre me chamam a atenção. Acho que vou tentar procurar para ler!
    Ótimo post!

    Blog - Bilhetes de Busan

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  2. Eu estou com muita vontade de ler essa história. Acredito que eu vá gostar, mesmo sabendo da intensidade da trama.
    Adorei a resenha <3

    Sai da Minha Lente

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Criado por: Mariely Abreu | Todos os direitos reservados ©. voltar ao topo